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Todas as segundas, quartas e sextas um artigo quentinho com opiniões aleatórias, questionamentos socráticos e visões confusas de mundo!

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Era para ser do Dia da Paz...



Há exatos 14 anos...
Parecia um dia normal em Brasília naquela manhã de terça-feira, como qualquer outro, embora o céu-mais-azul-do-Brasil estivesse extremamente cinzento, devido à baixa umidade, característica naquela época do ano. Ironicamente, naquele mesmo dia, recebi um e-mail daquelas mensagens-corrente falando que estávamos próximos do Dia Internacional da Paz, que seria comemorado dali a 10 dias. Foi por isso que tomei uma decisão: “Quero ficar em paz! Isolado. Sem barulhos de carros, sem celular tocando, sem pessoas falando e andando... Um momento livre do estresse urbano”.
Fui para um clube. Estava quase vazio, como eu queria. Consegui relaxar, lendo um bom livro, vendo a água do Lago Paranoá, o ar do céu-mais-azul-do-Brasil, e a terra seca, mas segura... Por algumas horas, consegui atingir meu objetivo. Faltava o quarto elemento, o fogo... E lá estava... Ele, o Sol, que era o suficiente... Afinal, naquele dia de calor e secura, a mandala-dos-quatro-elementos estava completa. Mas eu mal sabia que ouviria falar muito mais em fogo naquele dia...
Depois de sair de meu breve isolamento, ouvia pessoas pelas ruas comentando coisas do tipo “foi-horrível”. Pessoas amontoadas diante das TVs-show. Movimentos exaltados pelas ruas. Foi aí, que a curiosidade humana começou a me corroer por dentro para perguntar o que havia acontecido. “Um avião bateu num prédio nos Estados Unidos”, disse-me um rapaz. “É, está mais ou menos explicado o motivo da excitação popular... É mais um daqueles acidentes à la TAM. Verei melhor quando chegar em casa... mais uma tragédia da cômica vida do século 21”, pensei.
Chegando em casa à tarde, dei de cara com a TV-show com a imagem em slowmotion de uma avião batendo contra o World Trade Center. Palavras escabrosas saíram de minha boca pelos ares, em um instante de ímpeto choque. Foi o começo do fim de um dia que seria normal. Afinal, como um bom cidadão globalizado, eu não poderia perder aquele filme-realidade. “American under attack” era o nome. Pena ter perdido as cenas iniciais, as quais me disseram que foram mais emocionantes que qualquer filme de ação. Não que eu quisesse ver a tragédia alheia (sou contra qualquer tipo de retaliação violenta), mas deve ter sido algo, no mínimo, estranho. Lembro-me de ter sentido algo semelhante em 1991, durante a Guerra do Golfo. Mas agora era diferente. Era a dita maior potência econômica-política-militar do planeta sendo atacada por terroristas-geniosos.


E pensar que eu estava condenando aquelas pessoas que assistiam firmemente às TVs-show, quando eu voltava para casa. No fim, estava eu fazendo o mesmo durante horas. E também pela internet, tentando abrir sites-em-colapso buscando notícias-trágicas. Eu não as queria, mas a realidade e a faculdade de jornalismo (mesmo em greve naquela época) me obrigavam.
O Dia Internacional da Paz foi esquecido. Há anos a Paz foi esquecida. O medo, a desconfiança, a ganância e a competição são as palavras da era dignas de encômio. Que era? Já era.